terça-feira, maio 03, 2016

Desmoronamento Nuclear


As Templárias - Desmoronamento Nuclear odos sabemos, a inovação tecnológica e o nível da sabedoria avançaram a um ritmo tal, que o conhecimento humano tem duplicado de década para década, trazendo enormes transformações. Aliás, uma só geração assistiu ao avanço da Humanidade desde a roda dentada às viagens espaciais e auto-estradas da informação. A Idade da Pedra durou dois milhões de anos; as Idades do Cobre, do Bronze e do Ferro estenderam-se por 5000 anos; a idade da força da água e do vento ocupou 1000 anos até ser completamente abalada pela Revolução Industrial e pela força do carvão e do vapor, num curto espaço de 150 anos. Contudo, fazendo jus ao provérbio, na evolução nem tudo são rosas. A realidade, nua, não convém ao sonhador que, vivendo na estratosfera, esquece que tem a cabeça sobre os ombros e os pés sobre a terra. Como é sabido, noutros tempos, todos os combustíveis, como a madeira, o carvão e petróleo, se baseavam em plantas mortas. Queimá-los, para libertar a sua energia, era uma tarefa suja. O século passado assistiu ao aparecimento do primeiro combustível não vegetal, que produz energia sem qualquer sujidade (visível). Hoje, sabe-se que a chamada energia nuclear é afinal mais desasseada do que se podia imaginar.

Na passada terça-feira, a 26 de Abril, assinalou-se o trigésimo aniversário do fatídico acidente de Chernobyl, na Ucrânia. Não diminuindo este desastre, a dita poluição radioactiva ou, noutros termos, as 100 000 t de desperdício geradas anualmente, parte do qual permanecerá radioactivo por 100 000 anos, em «Desmoronamento Nuclear», As Templárias decidiram prestar algumas notas públicas sobre o desenvolvimento nuclear, à luz das trincheiras. Com efeito, aplicado ao arsenal militar, o assunto não deixa de merecer a nossa mais efervescente atenção. Evidentemente que é impossível e seria até rematada estultícia querer impor aos Governos uma ideia ou solução privada dos problemas.

Angustiados com a ameaça, os próprios cientistas têm vindo a lançar sucessivos gritos de alarme porque lhes pareceu que está em jogo a existência de todos os seres vivos na Terra, e alguns deles vão mesmo a ponto de afirmar que as próprias experiências feitas, embora com todas as cautelas, já produziram efeitos desastrosos nos seres humanos, sobretudo no que respeita à reprodução, e que serão sensíveis num futuro mais ou menos longínquo. Estão todos de acordo em declarar que o armamento de colbato e outros análogos representam o perigo mais pavoroso que se pode imaginar, por poderem causar o aniquilamento em massa de toda a vida terrestre. Não faltam, porém, outros, sobretudo os que indiscutivelmente têm responsabilidades directas no seu fabrico, que são mais optimistas. Por isso, tirando a média e considerando os avisos de todos eles, concluiremos que tais engenhos, se não destruírem totalmente a vida humana terrestre, devem causar devastações incomensuráveis, o que basta para não se ficar muito descansado.

Em exclusivo, no âmbito deste assunto, As Templárias recordam, por uma série de trechos, alguns dos primeiros alertas emitidos (a nível mundial) sobre os perigos das experiências nucleares, publicados na Imprensa Portuguesa. Embora careça do espaço necessário para a sua exposição nesta página, o âmago desses avisos pode ser consultado numa publicação anexa «Alerta Nuclear» das Templárias.

Perante estes factos, numa cruzada ou combate entre dois contendores apenas, correm o risco de sofrer danos irreparáveis, e até total aniquilamento, nações, povos e continentes que nada têm directa ou indirectamente com a luta. Que dois indivíduos cheguem à infeliz conclusão de resolver seus problemas (ou caprichos) por meio de uma «guerra», a soco ou a tiro, ainda se pode sofrer nas misérias da vida, embora seja ilegal. Mas se a luta e as armas escolhidas puderem causar danos aos indefesos cidadãos inocentes, sem a mínima relação com os contendores e suas brigas, o quadro toma molduras de crime premeditado. Bem entendido que deveremos esperar sempre o pior nestes conflitos pois, em geral, os provocadores de violência pouco ou nada se preocupam com problemas morais. As Templárias relembram o que se passou com o lançamento de material atómico sobre o Japão em 1945; bombas por assim dizer «inofensivas» quando comparadas às que estão, pelos vistos, na forja. Neste nipónico episódio, dar-se-á relevo a um detalhe muito frequente neste tipo de "bravuras": ficaram vivos os culpados - e sustentadores da guerra - e morreram os inocentes. Nas grandes batalhas do século XIX, o destino das nações era decidido num só dia. Por exemplo, na conhecida «Batalha de Sedan», em 1 de Setembro de 1870, os alemães humilharam a França numa tarde. Não é de surpreender que, quando a guerra eclodiu na Europa em Agosto de 1914, cada lado acreditasse que uma vitória rápida traria os seus soldados de regresso por altura do Natal. Mas as novas tecnologias e as novas vontades ditaram novos sentidos. Hoje, guerrear passou a ser um estilo de vida. Apesar dos supostos embargos, sanções e outros convénios mais ou menos sonsos, na verdade a capitalização da Guerra fez dela um jazigo extremamente rentável. Do armamento ao combustível empregues - muitas vezes contra civis - nesse teatro, a autoridade desse poderoso e ignóbil negócio é na verdade quem vai ludibriando a sociedade, invocando paz, estimulando guerra.

Em todos os casos de radioactividade, aplicando o plutónio ao uso civil ou militar, há que temer toda a espécie de infecções (secundárias) e o desgaste inútil da energia e reservas corpóreas. Em meados dos anos 90, as nações passaram a desconfiar dos programas de energia nuclear. No entanto, poucas ou mesmo nenhuma mostrou real intenção de abandonar tais programas. Parecem os sábios divididos em duas opiniões: a dos que profetizam tremendas desgraças e a dos que não vêem motivos para alarmes. Parece, porém, que, à medida que vão decorrendo os tempos, aumenta o partido dos profetas do terrorismo. Tirada a média, fica motivo de graves apreensões. Tanto assim que, quanto a jogos de palavras internacionais sobre o mítico desarmamento, os diferentes agentes concordaram em aconselhar tréguas nas experiências de armas nucleares. Em «Alerta Nuclear» As Templárias citaram alguns desses primeiros dizeres, publicados pela Imprensa diária portuguesa em Abril de 1957, para esclarecimento e de forma que, sobejamente documentadas também nesta matéria com afirmações de eruditos conhecedores e não só, não poderão ser acusadas do tão trombeteado secretismo. Quando a temática aborda a segurança pública, para nós não existem capítulos de segunda.

Por fim, esta publicação não pretende fertilizar pessimismos. As Templárias relembram que os desgostos não gerem senão coisas enfadonhas, os indolentes só dão origem a coisas tristes e os pessimistas não vão além das coisas mortas.




Alerta Nuclear


As Templárias - Alerta Nuclear
este inventário «Alerta Nuclear», complemento do assentamento «Desmoronamento Nuclear» publicado por ocasião do trigésimo aniversário do acidente de Chernobyl ocorrido a 26 de Abril de 1986, As Templárias evocam, com extremo rigor, trechos dos primeiros alertas sobre armamento e experiências nucleares noticiados na Imprensa diária portuguesa, neste caso em Abril de 1957.

Convirá precisar que a primeira explosão atómica experimental deu-se a 16 de Julho de 1945, no deserto do estado do Novo México, Estados Unidos da América do Norte, levada a efeito pelo grupo de cientistas que trabalhava e colaborava com o governo norte-americano para fins militares. A explosão deu-se às 5h30 com aparato e consequências devastadoras que satisfizeram as exigências de momento. Depois de concluídas as primeiras experiências, tendo sido publicados os resultados para as que se fizeram do lado de cá da cortina de ferro, a 1 de Novembro de 1952 foi lançada uma em Eniwetok. A chama da explosão apresentou 4 km de largura e 10 km de altura. No dia 1 de Março de 1954, uma nova experiência tornou-se pública devido a um incidente marítimo. Um barco de pesca japonês, o Fukuryu Maru N.5, tendo passado a algumas boas centenas de quilómetros do ponto da explosão, viu cair sobre ele uma espécie de cinza que, embora lhe parecesse estranha, não foi considerada; dias depois, a tripulação viu-se atacada de radioactividade, antes desta iniciar o seu processo de óbitos. O episódio, público, veio despertar um determinado número de pessoas reflectidas. Assim, passamos a citar alguns dos dizeres - considerados pertinentes apesar das condições, subserviências e balizamentos relacionados com regime de então - extraídos de jornais e revistas de referência em Portugal, nomeadamente do Diário de Notícias (DN), entre outros entretanto fusionados ou extintos.





Alertas na Imprensa portuguesa



«Se conseguirmos pôr termo às experiências com bombas atómicas, será, para a nossa pobre humanidade, uma alvorada radiosa, iluminada pelo sol da sua esperança» declarou Albert Schweitzer, fundador do Hospital de Lambaréne (no Gabão), durante um discurso em Oslo, a 23 de Abril de 1957. Mais tarde, o médico teólogo laureado com o Prémio Nobel da Paz em 1952, remata: «Somos portanto obrigados a considerar que todo o agravamento do perigo actual, provocado pelo desenvolvimento de elementos radioactivos libertos pelas explosões de bombas atómicas, constitui uma desgraça para a humanidade que é preciso impedir por qualquer preço».

No dia 23, em Paris, o físico francês Joliot-Curie, especialista em física nuclear laureado com o Nobel de Química em 1935, declarou - um ano antes da sua morte - que elementos radioactivos na atmosfera causariam manifestações de cancro, no caso de as experiências da bomba de hidrogénio não serem interrompidas: «O elemento radioactivo estrôncio 90 (Sr-90) produzido pelas explosões de bombas atómicas e de hidrogénio cai lenta e continuamente na terra com o pó e a chuva e deposita-se na vegetação. Homens e animais domésticos comem essas plantas e os seus organismos absorvem assim o estrôncio, prejudicial devido às suas radiações. Se as experiências não forem interrompidas, a quantidade daquele elemento que afecta os homens e, especialmente, os jovens que crescem, atingirá por certo um nível suficiente para causar numerosos cancros e leucemias. Muitas pessoas mostram-se indiferentes, julgando que é garantia o facto de viverem longe das zonas das explosões. Enganam-se, todavia. Um grande perigo pesa sobre os nossos descendentes se as explosões de armas nucleares não forem imediatamente interrompidas».

Na sexta-feira, a 26 de Abril, em resposta ao recente apelo do Dr. Schweitzer, o Dr. Libby, membro da Comissão de Energia Atómica dos Estados Unidos, declarou que o perigo proveniente das experiências de armamento nuclear, à cadência em que eram realizadas, era mínimo. Nesse mesmo dia, em Washington, acrescentou: «Não quero dizer que não haja perigo nenhum, mas quero provar que é ínfimo em comparação com aqueles que os homens consideram normais durante a vida».

Na tarde do dia 26, em Sidney, o professor australiano Marcus Oliphant, então director do Instituto de Investigações Físicas de Camberra e por muitos considerado pai da fusão nuclear, declarou que: «dentro de cinquenta anos, a radioactividade será suficiente para pôr em perigo a vida do homem».



No Congresso dos Estados Unidos


No Congresso dos Estados Unidos, para uma melhor compreensão do quesito, as consequências genéticas da radioactividade foram expostas por três cientistas. Em Washington, nessa terça-feira 4 de Junho de 1957, afirmaram que: «as chuvas radioactivas já causaram um mal considerado irreparável ao sistema hereditário que constitui o molde em que se forma a raça humana». Estes três especialistas acrescentaram ainda que: «os estragos trazidos à raça humana multiplicar-se-ão proporcionalmente ao aumento das chuvas radioactivas porque, do ponto de vista da genética, não existe dose de radiação isenta de perigos. Se os ensaios nucleares continuarem ao ritmo actual, milhares, se não milhões, de seres humanos, nas gerações futuras, morrerão prematuramente, serão doentes, deformados e/ou sofrerão de qualquer maneira dos efeitos das radiações».

Deixemos o primeiro quadro negro que estes cientistas apresentaram e vejamos agora que declarações cederam, também nesse evento bicameral, acerca do segundo, respeitante a enfermidades e resistências às doenças. Com efeito, quanto à mais grave consequência a suportar pelo indivíduo exposto às radiações médias, um deles, o Dr. Muller, deixou claro que: «consistirá num enfraquecimento insidioso da resistência do corpo às afecções de toda a espécie, traduzindo-se por um abreviamento da vida, bem como pela provocação de certas desordens específicas, tais como a leucemia». Para os peritos, a relação entre a elevada incidência de certos tipos de leucemias e linfomas, entre outras hemopatias, e a radiação identificada em Hiroshima, Nagasaki e Chernobyl, é hoje uma constatação indiscutível.



A Gripe Asiática


Tratando-se de uma doença infecciosa detectada em Fevereiro de 1957, em Pequim (China), considerada epidemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em Maio do mesmo ano, a 13 de Junho, em Londres, a revista médica «Lancet», num estudo consagrado à epidemia de gripe que grassou nesse ano no Extremo Oriente, declarou que os médicos ingleses eram de opinião que ela podia alastrar à Europa (ficando estacionária durante o Verão e despertar no Outono). Um correspondente da revista chegou mesmo a reagir, por seu lado, dizendo que essa epidemia teria relação com as experiências atómicas. Segundo ele: «o aumento das radiações, devido às bombas atómicas ou a outras fontes, provoca um aumento da frequência das mutações dos micróbios. O Extremo Oriente - prosseguiu ele - é a região do globo que mais tem sofrido, até agora, com a queda das poeiras atómicas. Por conseguinte, é possível que a gripe que lavra naquelas regiões represente uma nova e nefasta consequência das experiências nucleares». Depois disso, a realidade esboçara um quadro ainda mais negro; em apenas uma dezena de meses, o vírus acabaria por atingir a população mundial.